Saúde
Nova resolução amplia o à bariátrica e hospital deve realizar seis cirurgias por ano via SUS
| DOURADOSNEWS / CHARLES APARECIDO


O Conselho Federal de Medicina (CFM) atualizou as normas que regulamentam as cirurgias bariátricas e metabólicas no Brasil. Publicada no Diário Oficial da União no dia 21 de maio, a Resolução nº 2.429 redefine critérios e reforça o papel do tratamento multidisciplinar no combate à obesidade, uma doença crônica que atinge níveis alarmantes em todo o país.
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, estima-se que 31% da população adulta brasileira esteja obesa até o fim do ano, colocando o Brasil entre os países mais afetados pela epidemia global. Somente em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, 22% da população é obesa.
O Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), filiado à Rede Ebserh, já se prepara para seguir as novas diretrizes. A expectativa é realizar cerca de seis procedimentos por ano, via Sistema Único de Saúde (SUS), utilizando a técnica por videolaparoscopia, considerada menos invasiva.
Em entrevista exclusiva ao Dourados News, o cirurgião bariátrico do HU-UFGD, Marcos Alexandre de Souza, explicou que o hospital já adota protocolos rigorosos e se prepara para ampliar os atendimentos com base na nova normativa do CFM.
“Aqui no Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourado, o atendimento é SUS e segue todas as regras que todos os outros hospitais públicos seguem. A gente tem um protocolo de atendimento e esse protocolo seguem as normativas do CFM, que agora inclusive, saíram novas diretrizes e a gente vai seguir para atender toda a macro região de Dourados”, diz em entrevista.
Com base na nova resolução, adultos com índice de massa corpórea (IMC) acima de 40kg/m², ou acima de 35 quando associado a alguma comorbidade, continuam sendo elegíveis. A novidade está na inclusão de pacientes com IMC entre 30 e 35 em casos específicos, como diabetes tipo 2, apneia grave do sono e doenças cardiovasculares. Também foi permitido o o ao procedimento por adolescentes a partir dos 16 anos, desde que haja avaliação multidisciplinar e consentimento dos responsáveis.
Segundo o médico, o caminho até a cirurgia exige, antes de tudo, o esgotamento de outras formas de tratamento.
“Bom, o paciente candidato à cirurgia bariátrica é todo aquele paciente que sofre com obesidade, que já tentou tratamento clínico, que teve falha no tratamento clínico e aí ele não consegue mais clinicamente tratar a obesidade, ele é encaminhado para a cirurgia bariátrica. Esse encaminhamento se dá via sistema de regulação pela unidade básica de saúde. O médico da unidade básica de saúde faz uma primeira triagem, capta esse paciente e encaminha para o nosso ambulatório de cirurgia bariátrica aqui no hospital universitário.”
Sobre a realidade nacional, o médico destaca a gravidade da situação. “Hoje um terço da população brasileira tem algum tipo de obesidade (...) Agora a gente tem essa questão, essa luta entre as pessoas que procuram por muita questão estética de querer ficar melhor do que de fato ser um problema grave de saúde.”
Para Marcos, é fundamental combater o preconceito e compreender que a obesidade é uma doença que exige tratamento sério. “Existe um preconceito muito grande por trás da obesidade. E a pessoa que tem obesidade não procura o atendimento por questão estética, ela procura por saúde, por melhoria de qualidade de vida. (...) A cirurgia não é estética, a cirurgia é para melhorar a qualidade de vida e para trazer mais saúde para os pacientes.”
Ele também esclareceu o protocolo adotado pelo HU-UFGD: “O paciente que tem obesidade grau 2 e alguma comorbidade. O paciente que tem obesidade grau 3 sem comorbidade. O paciente com obesidade grau 4 e grau 5. Esse paciente, ele a por uma avaliação multiprofissional. (...) Se ele tiver tudo bem ele encaminhado para a cirurgia, faz a cirurgia e depois a gente segue o acompanhamento desse paciente ambulatorialmente nos primeiros dois anos. (...) Aqui no hospital vai funcionar assim, e depois ele vai ser referenciado para a Unidade Básica de Saúde novamente.”
Apesar do avanço nas normas, o médico alerta sobre a procura pela cirurgia em casos de saúde. “A gente opera muito pouco no serviço do SUS. (...) E no SUS a gente opera 1% dos pacientes elegíveis. Então a gente tem um gap muito grande. Apenas 1% é muito pouco se a gente pegar que um terço da nossa população tem obesidade.”
A nutricionista Dabiana Mariano destaca em entrevista ao Dourados News que o início do processo de reeducação alimentar a pela transformação interna do paciente. Ela reforça que é necessário ir além de uma simples mudança na dieta, sendo fundamental trabalhar o comportamento e a consciência alimentar.
“O primeiro o para que o paciente consiga realizar o processo de reeducação alimentar é a mudança do comportamento do paciente com relação a comida, além disso a consciência de que existe um processo para que isso ocorra. Portanto comportamento, consciência e paciência são importantes demais para alcançava os objetivos”.
Ela explica que o emagrecimento saudável é consequência de uma nova rotina alimentar, construída com equilíbrio e consistência, e que seus resultados se mantêm ao longo da vida.
“O paciente que tem consciência e muda os hábitos aos poucos, criando uma nova rotina de vida com estilo de vida mais saudável tem como consequência o emagrecimento e isso é para resto da vida. Quem aprende a ter equilíbrio na alimentação tem qualidade de vida para sempre”.
Segundo Dabiana, não há um momento ideal padronizado para iniciar o processo. O mais importante é a decisão individual do paciente. “Não dá pra dizer que existe um momento certo pois isso é muito individual o momento sempre será aquele em que o paciente decidir que está pronto”.
Ela também faz um alerta importante sobre os perigos do extremismo nutricional. Práticas como dietas radicais ou restrições severas podem ser prejudiciais tanto fisicamente quanto emocionalmente. “Toda mudança faz parte de um processo que precisa ser respeitado, a cosia que traz mais erros são as dietas radicais e o extremismo nutricional, cortar tudo de uma vez ou fazer a dieta de não comer. Além de impactar a saúde ainda existe o problema de trazer uma ansiedade e uma descompensação que pode gerar uma compulsão alimentar ou piorar caso ela já exista.”
Ela enfatiza que emagrecer vai muito além de comer menos. Fatores como ansiedade, estresse, alterações hormonais e o estado emocional precisam ser considerados. “Comportamento alimentar, ansiedade estresse, menopausa, depressão, avaliação de vitaminas. Emagrecer vai muito além da comida”.
Para alcançar resultados duradouros, ela afirma que é essencial unir força de vontade, acompanhamento profissional e acolhimento ao longo do caminho. “O primeiro o para uma mudança tão significativa sempre será força de vontade do paciente aliado a um profissional que tenha uma escuta ativa e atenta ao paciente. Não desistir na primeira recaída e entender que como tudo na vida emagrecer é um processo que precisa de paciência e persistência”.
Dabiana diz que não existem fórmulas mágicas, e que o acompanhamento deve integrar o cuidado com a alimentação e a saúde mental. “Não existe fórmula mágica para emagrecer, portanto, quando o paciente decide querer fazer isso temos que estar ao lado dele auxiliando com a nutrição, reposição de nutrientes uma dieta equilibrada e balanceada que dê ao paciente também liberdade para fazer isso com saúde. Cuidar da saúde mental no processo também é fundamental muitas vezes associar a terapia com a nutrição e o caminho do sucesso! Pois nossa mente quer nos sabotar o tempo”.
Por fim, ela finaliza a entrevista dizendo que a disciplina e o comprometimento são mais importantes do que a motivação momentânea, e que o emagrecimento sem cirurgia é plenamente possível. “Então mudar os hábitos alimentares e o comportamento com a comida é algo fundamental além do comprometimento pois não estaremos sempre motivados, mas é preciso estar disciplinado para alcançar os objetivos e ver o resultado. E, com toda certeza e experiência de trabalho é possível emagrecer sem cirurgia bariátrica. Basta que se queira e que acredite que você é capaz de vencer essa batalha”.
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