Gilson Machado Neto, de 57 anos, é uma figura multifacetada da cena pública brasileira: veterinário, produtor rural, empresário do ramo turístico, músico sanfoneiro e político. Pernambucano e ex-ministro do Turismo no governo Jair Bolsonaro, ele foi preso nesta sexta-feira (13), no Recife (PE), por suspeita de tentar ajudar o tenente-coronel Mauro Cid a deixar clandestinamente o país com um aporte português. A investigação da Polícia Federal aponta que Machado teria intercedido junto ao consulado de Portugal em Recife, em maio de 2025, para viabilizar a emissão do documento para Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e réu por tentativa de golpe de Estado.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a medida pode configurar obstrução de Justiça. A prisão foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou buscas e apreensões, além da quebra de sigilos do ex-ministro. Gilson Machado entrou no governo federal como secretário de Ecoturismo e, depois, assumiu a presidência da Embratur. Ganhou projeção nacional em 2020, durante uma live presidencial em que tocou “Ave Maria” em homenagem às vítimas da pandemia. O gesto, ao lado de Bolsonaro, fortaleceu sua imagem no campo conservador.

Em dezembro de 2020, foi nomeado ministro do Turismo, cargo que ocupou até março de 2022. Próximo ao ex-presidente, tornou-se figura recorrente em eventos e viagens oficiais. Chegou a prestar assistência pessoal a Bolsonaro, inclusive durante um mal-estar em agenda no Rio Grande do Norte. Filiado ao PL, Machado disputou duas eleições recentes: ao Senado por Pernambuco em 2022, quando ficou em segundo lugar com 1,3 milhão de votos, e à Prefeitura do Recife em 2024, quando novamente foi derrotado, com cerca de 14% dos votos válidos. Em ambas as campanhas, utilizou seu nome artístico “Gilson Sanfoneiro”.

Antes da vida política, Gilson Machado já era conhecido no meio artístico como sanfoneiro da banda de forró Brucelose, nome que remete à sua formação em medicina veterinária. Em 2025, foi anunciado como uma das atrações do São João de Caruaru. Ele também atuou como empresário, sendo proprietário de pousadas e hotéis, principalmente no Nordeste, com foco no turismo ecológico.

Recentemente, Machado liderou uma campanha de arrecadação por Pix para custear despesas jurídicas e pessoais da família Bolsonaro. Segundo o próprio ex-presidente, a iniciativa foi de Gilson, que teria arrecadado cerca de R$ 1 milhão — parte usada por Michelle Bolsonaro e pelo próprio Jair Bolsonaro. Durante a campanha eleitoral de 2024, enfrentou sanções da Justiça Eleitoral por propagandas consideradas irregulares, especialmente peças que atacavam a gestão de creches municipais no Recife.

A prisão preventiva de Gilson Machado ocorre em um momento em que a PGR reforça investigações sobre supostas tentativas de obstrução da Justiça ligadas ao caso da tentativa de golpe de 2022. Embora ele alegue que a ida ao consulado português foi para tratar de um aporte de seu pai, os investigadores encontraram indícios de que ele buscava, na verdade, viabilizar a saída de Mauro Cid do Brasil.

Até o momento, a defesa de Machado não se pronunciou oficialmente sobre a prisão. Seu partido, o PL, divulgou nota em que afirma acompanhar o caso e aguardar o esclarecimento dos fatos pelas autoridades competentes. O espaço da Jovem Pan está aberto para qualquer manifestação.

Publicada por Felipe Dantas

*Reportagem produzida com auxílio de IA